18 de set. de 2022

“Sequelas do pós-covid atinge 40% dos sobreviventes da doença em Goiás”, afirma fisioterapeuta

 

Especialistas alertam para a possibilidade de uma epidemia subjacente e silenciosa

provocada por sequelas deixadas pela covid-19.

A fisioterapeuta e coordenadora de equipe multidisciplinar do Sistema Hapvida-GO, Dra. Bruna Machado,afirma que é possível o surgimento de uma epidemia subjacente e silenciosa da síndrome pós-covid. “Hoje, a cada 30 pacientes avaliados, 12 confirmam piora do quadro de dor de forma tardia (tendinites, lombalgias, neuropatias) após a infecção de Covid-19. Isso representa um aumento de 40% nos últimos meses. Além de sintomas como fraqueza muscular, cansaço, dispneia, arritmias e sintomas vestibulares que têm aparecido com frequência nos consultórios sempre associados ao coronavírus”, observa a especialista.

Estudos apontam que 80% dos recuperados apresentam pelo menos um sintoma traumático pós-covid Uma das percepções provocadas pela pandemia do coronavírus foi a importância da fisioterapia no processo de reabilitação, cura e retomada da independência cognitiva, física e psicológica do paciente acometido por complicações pós-covid.

Ao contrário do que muitos pensam, os profissionais de fisioterapia não fazem massagem, eles executam técnicas, testes e atividades cientificamente comprovadas, que promovem a reabilitação, prevenção e também a cura de várias doenças. Especialmente, em relação às sequelas deixadas pela covid-19, quando esses profissionais exercem papel fundamental no processo de retomada da qualidade de vida e restabelecimento do controle físico, emocional e neurológico do paciente sequelado

Mal-estar, dores de cabeça e perda de olfato tendem a se resolver sozinhos. Afinal, esses sintomas são típicos da covid-19 não é mesmo? “Não! Principalmente, se você não está positivado, mas já contraiu o coronavírus uma ou mais vezes”. Especialistas demonstram preocupação com as consequências invisíveis, subjacentes e silenciosas de sequelas pós-covid. Portanto, é necessário estar atento a todos os sinais. “Considerando que a doença está em constante evolução, é impossível determinar todas as complicações crônicas que os sobreviventes da Covid-19 enfrentarão. Complicações que variam com o grau de limitação e comprometimento da autonomia das pessoas, influenciam na qualidade de vida gerando muitas vezes aposentadorias precoces e aumento da demanda pela atenção à saúde. Por isso, é importante um trabalho multidisciplinar junto ao tratamento médico em prol  da plena recuperação do paciente”, alerta Bruna Machado.

De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), mais de 11 milhões de brasileiros são considerados curados da covid-19 até o momento. A alta procura por tratamento fisioterapêutico por pacientes sequelados pela covid-19, é motivo de preocupação sobre os riscos de lesões graves e irreversíveis que, na maioria das vezes, são potencializados e antecipados pelo vírus. “A covid-19 é uma condição complexa, que pode evoluir para quadros graves e fatais”, afirma a fisioterapeuta Bruna Machado.

Segundo a especialista, apesar da maioria das pessoas que contraem o vírus apresentam poucos sintomas, pelo menos 5% dos pacientes desenvolvem a forma mais severa da doença, que é capaz de afetar várias regiões do organismo (não só o sistema respiratório), deixar sequelas e exigir internação hospitalar e atenção multiprofissional, inclusive com fisioterapia. “Embora não exista comprovação científica, percebemos que a infecção e comprometimento dos órgãos, estão longe de ser apenas uma questão localizada e passageira. Há repercussões prolongadas em vários órgãos” É importante ressaltar que, mesmo após a alta do hospital, para muitos desses pacientes o tratamento não se encerra. O indivíduo deve ter um acompanhamento depois, uma vez que os sobreviventes de quadros mais graves têm um risco de 59% de morrer até seis meses após a infecção, segundo dados da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir).

E como a fisioterapia pode ajudar nesses casos?

Ela atua na reabilitação por meio de técnicas, exercícios e acompanhamento individualizado do paciente. O profissional pode lançar mão de métodos como cinesioterapia, eletroterapia, fisioterapia respiratória e cardiológica, a depender dos sintomas e das sequelas, sempre buscando maximizar a qualidade de vida do paciente. “Um aspecto importante a ser observado é que não são poucos os indivíduos que, diante da covid longa, apresentam ansiedade e depressão. Daí a necessidade de trabalhar o emocional e contar com a psicoterapia”, pondera a especialista.

Outro ponto que merece destaque segundo a fisioterapeuta, é que: “Os cuidados pós-covid devem ser redobrados, especialmente, em relação aos sinais corporais esporádicos que se intensificam ao passar dos dias”. O acompanhamento com médico, fisioterapeuta e demais profissionais pode fazer toda a diferença na reabilitação. E não vamos esquecer: a recuperação não se limita à passagem pelo hospital ou ao período das consultas.

De acordo com a especialista, de maneira geral, as principais manifestações do pós-covid relatados até agora são: fadiga, falta de ar, dores de cabeça, dores musculares, queda de cabelo, perda de paladar e olfato (temporária ou duradoura), dor no peito, tontura, tromboses, palpitações, depressão, ansiedade, dificuldades de linguagem, raciocínio, memória e equilíbrio laboral.

Para ter ideia, um dos braços da iniciativa Coalizão Covid-19 Brasil acompanhou cerca de mil indivíduos internados e concluiu que até 17% tiveram que ser hospitalizados novamente tempos depois – e 7% morreram até seis meses depois da alta. Os dados são preliminares, e ainda não foram publicados em periódicos científicos.

O Dia Mundial da Fisioterapia, celebrado nesta quinta-feira, 9, assinala a união e a solidariedade da comunidade de fisioterapia e, além de oportunizar o valor e importância dos fisioterapeutas, é uma excelente oportunidade para ressaltar o valor da especialidade na manutenção e melhoria da mobilidade e independência funcional de pacientes remanescentes da covid-19. “A fisioterapia estuda o movimento humano e quando nos deparamos com situações adversas como a covid, que potencializa e antecipa complicações físicas e neurológicas, percebemos que o acompanhamento e participação continuada da evolução do paciente em conjunto com a equipe médica, nos ajuda a compreender e analisar cada vez mais as particularidades da doença, e oferecer um planejamento adaptado às adversidades agressivas e silenciosas em evolução no organismo do paciente”, pondera Dra. Bruna Machado.

 

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