29 de nov. de 2012

Artigo - É, sinceramente, uma pena



(Francesco Costa)
Apesar das três décadas que foi registrado o primeiro caso de HIV/AIDS no mundo falar deste assunto, requer certa cautela. Apesar do tempo, e ser um “problema de todos”, ainda é um tabu e poucos se interessam em conhecê-lo.
A AIDS, assim como várias outras doenças, ainda não tem cura, mas enquanto cientistas tentam descobrir a cura para a tal ativistas tentam, quase que inutilmente, minimizar os gigantescos estragos causados pelo preconceito, fruto da falta de conhecimento e desinteresse em saber mais ou, pelo menos, o suficiente sobre o assunto.
Vejamos, por exemplo, que até hoje, trinta anos depois, muita gente não doa sangue ou não vai à manicura por temer contrair a Aids. Outro grande número usa camisinha e não troca de parceiro, por achar que isto é fatal na contração de HIV/Aids. E o que dizer dos que não transam com pessoas soropositivas e evitam até contato social com elas? Tudo basbaquice.
É claro que agulha ou seringa contaminada pode transmitir o vírus da doença, disto nenhum infectologista discorda, bem como é possível contrair a mesma através do alicate da manicura. Mas o fato aqui em questão é que enquanto as pessoas se privam de salvar vidas, através da doação de sangue, ou até de ir à manicura por temor, ou só faz sexo com camisinha, tomando os devidos cuidados para não contrair Aids, inúmeras outras doenças, como hepatite, infectam e matam.
Transar sem camisinha é um risco que ninguém deve correr, mas, infelizmente, ao confirmar, por meio de teste, que o parceiro não é soropositivo, a grande maioria das pessoas abre mão do preservativo, sem perceber que a Aids não é o único temor existente.
Quem disse que transar com pessoas soropositivas sem camisinha nunca pega Aids mentiu. Mas se você descobriu que seu parceiro, ou aquela pessoa que você está a fim de pegar, namorar, ficar ou casar é soropositivo, siga em frente, pegue, namore, fique, ou até case! Para isto, basta vocês só transarem sempre de camisinha.
A Aids veio para tornar as pessoas mais humanas, conhecer suas limitações. Sabe por que as pessoas não pulam do décimo andar do prédio quando o elevador quebrou, ao invés de descer pela escada? Porque sabem que a possibilidade de morrer é praticamente 100%. Então, a Aids nos faz entender que somos limitados e nem sempre donos do próprio destino.
Um ativista soropositivo me afirmou que a Aids o fez viver melhor. “Parei de beber, pois fumava demais; parei de fumar, o que fazia com exagero; investi melhor meu dinheiro, e hoje tenho posses, tiro férias, ajudo pessoas, namoro e ainda me sobra tempo”.
As afirmações são de Adelar Serena, que salienta não recomendar que alguém contraia, mas diz isto apenas para que pessoas entendam que a Aids pode ser, ao contrário do que muitos pensam, o começo de uma nova vida, podendo ser esta melhor.
Outro caso curioso que um ativista me relatou é que havia um casal, sendo que apenas a mulher era soropositivo, e naturalmente o esperado era que o marido cuidaria da mulher que deveria pela ordem, criada pelas pessoas, morrer primeiro. Mas, contrariando a tal ordem, o marido morreu de acidente automobilístico e a viúva, mesmo com Aids, ainda hoje vive.
Gosto de citar sempre o que fala uma pessoa que hoje considerava “meu amigo”, Wilton José da Silva, que viveu 28 anos com AIDS, e morreu recentemente: “Todo mundo vai morrer, com ou sem AIDS”. Isto é fato.
Façamos as contas: há inúmeras pessoas que já nasceram com alguma doença e vivem a perder de vista! Há ainda outras que por acidente, ou devido à profissão, contraíram doenças como hérnia de disco, osteoporose, labirintite, hipertensão, diabetes, depressão etc. e tomam, por causa destas doenças, remédios controlados pro resto da vida. E daí? Nunca vi nenhuma delas ser discriminada, rejeitada, nem muito menos ser alvo de preconceito.
Lembrei-me agora do que me ilustrou Dr. Alan Herbert, coordenador do CTA de Parauapebas. Ele disse que se uma mulher descobre que tem câncer de mama as vizinhas, até mesmo aquela mais afastada, se compadece e passa a visitá-la frequentemente. Mas se em outra situação descobre que a tal tem Aids a vizinha mais próxima e até algumas “amigas” se afastam e arremetem contra a tal toda a culpa por contrair o vírus. “Eu bem sabia que fulana era vadia. Eu que não quero uma amizade com ela”, afirmará, certamente.
É, sinceramente, uma pena que enquanto muita gente soropositiva espera há anos – e alcançará – a cura para AIDS, outras, preconceituosas, morrerão, talvez, sem a temida doença, e serão enterradas em seu próprio preconceito.

Casos de HIV/AIDS aumentam em Parauapebas



  
85 casos de HIV/AIDS diagnosticados este ano em Parauapebas com 12 óbitos, um quadro preocupante que mostra o crescimento da incidência da doença no município.
Nos últimos oito anos, 542 casos da doença foram confirmados, 72 pessoas morreram vítimas da AIDS em Parauapebas. O Vírus HIV tem contaminado pessoas em todas as faixas de idades e classes sociais, tendo até crianças e idosos como alvos.
As mulheres são maioria na faixa abaixo dos 35 anos; já dos 36 aos 40 anos, há um empate entre os gêneros, mas os homens lideram o ranking da contaminação dos 41 aos 55 anos, sendo ultrapassado dos 56 aos 60; a partir de então os gêneros retomam o empate.   
 “Eu não diria que está estabilizado, pois a epidemia tem crescido no município. Temos uma baixa faixa de teste, e isto é preocupante, pois, passamos o ano de 2011 sem funcionamento por que a unidade do CTA estava em reforma e construção”, avalia Alan Webert, coordenador do CTA (centro de Testagem e Aconselhamento); ele explica ainda que o número é preocupante e está em ascensão.
Alan diz que o enfrentamento de HIV/AIDS depende de uma política de governo, dando acesso à população para a realização do teste desde a sífilis a hepatite viral, que são doenças que transmite através de relações. Ele admite ser preciso ampliar a oferta que, em sua opinião, é baixa. “Mas mesmo assim o número da AIDS não diminuiu; e este crescimento não foi notado apenas em Parauapebas, mas em todo o Estado. Tendo hoje em destaque com grande epidemia Paragominas e Altamira, por que são áreas onde estão tendo grande crescimento demográfico”, mensura Alan Webert.
Enfrentamento da doença – Na projeção do coordenador do CTA, Alan Webert, o modelo ideal para promover o enfrentamento da doença é a implantação de laboratório com capacidade de fazer análise destes materiais. No CTA de Parauapebas, segundo informações repassadas pelo coordenador da unidade, só existe um laboratório montado para todas as patologias, oferecendo apenas o teste rápido de HIV, faltando testes da Sífilis e Hepatite B.
Parauapebas faz parte de uma política de incentivo que é um recurso de R$ 75 mil, mais R$ 14 mil de contra partida que dá R$ 89 mil por ano, o papel deste dinheiro é incentivar e fortalecer algumas políticas próprias do governo para que os municípios fação uma zona de prevenção ou campanhas. “Este recurso, infelizmente, está parado pela dificuldade de execução. No inicio do deste ano, 2012, havia um saldo de R$ 215 mil reais. Se o município recebe R$ 89 mil por ano como é que tem 215 mi na conta?”, questiona Alan, explicando que o recurso, mesmo disponível, não foi usado por que teve pouco impacto na política de HI/AIDS.
Estrutura de atendimento - O prédio do CTA sofreu reforma de 2010 a 2011, e foi entregue em 2012, mas na opinião de Alan Webert o espaço é pequeno para uma demanda de 249 usuários atendidos, segundo ele, de maneira satisfatória. “O que está faltando é a área de recursos humanos; hoje a gente tem um infectologista especialista atendendo uma vez por mês, é uma profissional que vem de fora para atender cerca de 100 pacientes, isso é preocupante para gente. Deveríamos ter este profissional com maior frequência, ou contratado definitivamente”, anseia Alan, contando da nescessidade de um corpo clínico presente.
O CTA tem médicos nas segundas e na quintas-feiras, que são profissionais de ginecologia e de clinica geral que serve para fazer um diagnóstico na área das doenças sexualmente transmissível; mas aqui  o de infectologia só uma vez por mês. O que, na avaliação de Alan Webert, deixa a equipe sobrecarregada e a demanda reprimida.



28 de nov. de 2012

Wandenkolk propõe comissão para investigar Serra Pelada




Em pronunciamento ontem (27), no plenário da Câmara dos Deputados, o deputado federal Wandenkolk Gonçalves (PSDB-PA) anunciou que propôs, à Presidência da Câmara, a criação de uma Comissão Temporária  para apurar a escalada da violência e o acirramento dos ânimos no garimpo de  Serra Pelada, no município de Curionópolis (PA).
O deputado defende a criação da comissão de deputados também para verificar o contrato entre a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra pelada (Coomigasp) e a empresa canadense Collossus Minerals, além do destino do ouro extraído de Serra Pelada e a falta de contrapartida da Vale em infraestrutura na região.
Wandenkolk sugere que o grupo de parlamentares analise a situação dos trabalhadores em Serra Pelada. Segundo o parlamentar, se nenhuma providênia for tomada, o local servirá de palco para novas tragédias.
“Se não tomarmos uma providência em caráter de urgência, as mortes que já aconteceram no passado entre garimpeiros numa luta fratricida vai continuar acontecendo”, advertiu.
De acordo com o deputado, atualmente dezenas de caminhões e caçambas saem das minas de ouro sem qualquer fiscalização. Para ele, é necessário averiguar quais interesses estão envolvidos e quem deve realmente ser beneficiário do ouro remanescente em serra Pelada e que nos dias de hoje só pode ser extraído por via mecânica. “Precisamos dar uma resposta mais rápida, clara e objetiva de quem realmente é o ouro de Serra Pelada. São de 38 mil garimpeiros ou de meia dúzia de representantes internacionais?”, indagou.
O parlamentar criticou, ainda, a falta de investimentos em infraestrutura em Altamira, município próximo ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Gonçalves diz que as benfeitorias não passam de maquiagem. “É um cala boca, uma enganação. É um me
engana que eu gosto. Coloca um carrinho aqui, uma ambulância acolá, uma escola para cá, pinta-se uma igreja. E não saímos do processo de atraso”, criticou.
 Outro ponto destacado por Gonçalves foi a falta de contrapartida por parte da Vale. Para ele, a empresa retira o minério da região e importa pobreza para o Pará, ao levar mão de obra desqualificada para o local. “Infelizmente vivemos uma contradição. Enquanto a Vale fica cada vez mais rica, o nosso povo fica cada vez mais pobre”, pontuou.
      Ele também criticou o baixo recurso destinado para melhorar a pesca no estado, que é o segundo maior produtor de peixe do país.
Gonçalves cobrou mais investimentos do governo federal para fazer a reforma agrária na região e o fim dos conflitos entre fazendeiros e sem-terra.

21 de nov. de 2012

Edital de Convocação Conselho Municipal de Juventude



O Conselho Municipal de Juventude (COMJUP) convoca seus membros e representantes da sociedade civil do setor juvenil para participarem da Sessão Especial do respectivo conselho, através de seu plenário ampliado. A sessão ocorrerá no dia 24, sábado, no Centro Universitário de Parauapebas (Ceup) às 15h. Na ocasião serão discutidas as seguintes matérias:
1º Mesa Redonda de debate e encaminhamentos sobre os desafios da juventude de Parauapebas 2012-2013, inclusive discussão sobre o aumento da passagem no transporte público urbano, direito a meia passagem aos estudantes, implantação da UNIFESSPA em Parauapebas.
2º Apontamentos para a construção coletiva do Plano de Trabalho do Conselho Municipal de Juventude – Exercício 2013.
3º Outros assuntos que sugirem

20 de nov. de 2012

Que liberdade é esta?



<Por Francesco Costa>

Que liberdade é esta? Forjada por lutas intermináveis de pretos que ficaram brancos de tanto se expor ao sol do preconceito ou por brancos que ficaram pretos de tanto brigarem às escuras nas noites sangrentas contra patrões que continuam a se sentirem senhores de gente que ele, acha que, comprou com o esforço que fez para ludibriar a sorte ou os concorrentes como reza a carta magna do capitalismo; ou com as privações ou dias ininterruptos de trabalhos forçados que viveram para o que tem, hoje, juntar.
Tem gente que pensa que é senhor, porque tem mais que o normal em um país cuja população se divide entre ricos e miseráveis.
Tem gente que pensa que é livre em um país que lhe deu o simples direito de comprar, inclusive, a crediário, mas o que ele esquece é que não tem liberdade de, nem se quer, saber o valor da taxa de juros que vai pagar e se ficar lendo o contrato antes de assinar é taxado como “cliente que exige demais é mau pagador”, ou não faz nem a idéia do juro de mora que pagará em caso de atraso. O Procon aparece dando uma de “José do Patrocínio” (advogado negro que lutou pelo fim da escravatura), mas muitos nem sabem para que serve este órgão e alguns temem recorrer e perder os futuros créditos em outras lojas.
Tem gente que pensa que é livre pelo simples fato de poder escolher a profissão que exercerá, mas não sabe a importância que tem tal função e se esquece que poderá por isto ser valorizado, mesmo assim dá graças a Deus por arrumar um emprego cujo contrato é feito nos moldes da empresa empregadora.
Os escravos, negros africanos, recebiam em troca de seus trabalhos forçados apenas o básico para sobreviver: comida e roupa. E o salário que recebe a maioria absoluta dos trabalhadores no Brasil, inclusive eu, responda aí oh trabalhador, dá pra mais alguma coisa, além disto?
Então me corrija caso eu esteja errado: A escravidão neste país, com tamanho de continente, mudou apenas de modelo!  
Agora me aplauda os que comigo concordarem: Um cidadão que trabalha oito horas por dia, independente da função que exerça, não deveria enfrentar as humilhantes filas de órgãos como SUS e INSS. Não deveria ele receber o suficiente para pagar a consulta médica de seus filhos ou qualquer outra assistência vital que sua família necessite? Pra que um cidadão que dedicou a vida inteira ao trabalho precisa mendigar aposentadoria? Não seria mais justo que ele recebesse o suficiente para fazer sua própria garantia de sobrevivência em tempos em que se considerar inapto para o trabalho?
Fala-se erradamente que o dinheiro move o mundo, mas na verdade o que move o mundo não é outra coisa se não a força do trabalhador. Mas como diz o velho dito popular: “O cavalo não sabe a força que tem, pois se soubesse não puxaria a, pesada e incômoda, carroça”. Talvez seja esta mesma inocência, ou ignorância, que cega o forte fraco trabalhador, que se deixa iludir desde as “boas” intenções da princesa Izabel à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) de Getúlio Vargas, ou aos movimentos grevistas de Lula e outros sindicalistas.
Todos os dias “investidores” são vistos exibindo grandes lucros, enquanto a força motriz que realmente move o mundo, o trabalhador, vive às margens da miséria.
Mas falando em escravidão vamos lembrar dos negros, principal personagem da peça teatral, que foi alvo de escárnio e, ainda hoje, se auto discrimina declarando-se incapaz ao exigir cota pra isto e aquilo, ou processando os brancos por qualquer expressão dita, escrita ou encenada. Não seria melhor aplicar a famosa frase de Buda: “Ignorar o ignorante é uma forma de fazê-lo pensar?”.
Muito se fala em racismo e preconceito nas constantes e, parece que, intermináveis lutas das raças, mas é bom lembrar que é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito.