17 de out. de 2022

BEM ESTAR: O principal caminho para viver bem na melhor idade é a prevenção

 

O Dia Internacional do Idoso é comemorado anualmente no primeiro dia de outubro. Essa é uma das faixas etárias populacionais que mais cresce. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já são 30,2 milhões de idosos e o número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos vai mais que dobrar em 2050.

Manter a qualidade de vida durante a vida adulta, assim como hábitos saudáveis, é importante para que as pessoas na terceira idade passem os anos com tranquilidade. Por isso, Dr. Andre Luiz Fioravante, médico geriatria do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica destaca que é importante que os idosos de hoje e os do futuro cuidem de sua saúde de forma preventiva. Ou seja, que a idade avançada não impeça as pessoas de ser e fazer o que querem ou valorizam.

O especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) ainda enfatiza o movimento “da década do envelhecimento saudável”, que tem como objetivo de estimular políticas públicas e alianças de desenvolvimento da América Latina para favorecer justamente o envelhecimento saudável. Ele também destacou pontos importantes como a vulnerabilidade no isolamento social, as principais doenças que podem surgir na terceira idade e que o principal caminho para viver bem é realmente a prevenção, “mas é algo que deve ser trazido como um valor da nossa sociedade”.

 

Confira e entrevista:

 

A partir de que idade a pessoa pode procurar um geriatra?

Tradicionalmente, as pessoas buscam um geriatra, a partir dos 60 anos de idade, que é considerado o paciente idoso no Brasil. Mas, pelas diferentes atuações principalmente em prevenção em saúde que a Geriatria proporciona, nada impede, e inclusive é um convite dos geriatras, que as pessoas busquem esse profissional com mais precocidade, a partir aí dos seus 45 ou 50 anos.

 

 Quando pode procurar esse profissional?

Minimamente, as pessoas com 60 anos ou mais devem procurar o geriatra, independente da sua condição de saúde. Desde aquelas pessoas saudáveis, para que o geriatra consiga promover um envelhecimento bem-sucedido, até outras idosos já com mais comorbidades, alta dependência ou acamados. Desta forma, o geriatra terá toda habilidade na gestão destes pacientes, que exigem uma visão muito ampla do cuidado, evitando malefícios de tratamentos inadequados e otimizar o máximo possível o tratamento e qualidade de vida aos pacientes nessas condições mais frágeis.

 

Qual a diferença entre Geriatria e Gerontologia?

A Gerontologia é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento nas suas diferentes dimensões biológicas, psicológicas e sociais. Já a Geriatria é uma especialidade médica que atua na assistência em saúde e que tem conhecimento dentro da Gerontologia.

 

Na pandemia, as pessoas idosas foram convertidas em “grupo de risco”. Todo o idoso é considerado vulnerável?

Com o avançar da idade, existe sim esse maior risco de exposição e desenvolvimento de doenças infectocontagiosas graves nos pacientes geriátricos. E é claro que isso é agravado se for um idoso com várias comorbidades, e eles se tornam ainda mais vulneráveis à doenças infectocontagiosas como a Covid-19.

 

Ainda sobre a pandemia, os idosos também sofreram com o isolamento. De fato, a solidão pode adoecer o indivíduo?

Sem dúvida. O isolamento social teve um impacto muito grande na saúde das pessoas idosas, que a gente chama das “ondas pós-Covid”. O fato de o idoso ter ficado isolado por mais tempo limitou o acesso deles à sociedade, convívio social e assistência médica. Isso favorece o desenvolvimento de doenças psicológicas e psíquicas, inclusive a síndrome demencial. Houve uma maior dificuldade do acesso à saúde. A gente tem visto muitas doenças crônicas não diagnosticadas, ou diagnosticadas, mas descompensadas, por conta da dificuldade do acesso que estes pacientes tiveram neste momento de solidão e de isolamento na Covid-19. Em todos esses cenários, nossa recomendação é que as pessoas busquem ajuda médica. Um olhar atento dos familiares e amigos também é importante.

 

É possível um envelhecimento saudável?

Sim. É possível ter um envelhecimento saudável. E uma das estratégias é você buscar profissionais especializados em Geriatria e Gerontologia, para que ele possa nortear qual é o caminho para chegar nesse envelhecimento saudável. Dentro da Geriatria se usa um termo que é o “envelhecimento bem sucedido”, que são aqueles idosos octogenários, nonagenários e centenários que envelheceram de forma saudável. Trazendo um pouco para os movimentos que estão acontecendo na atualidade, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), junto com a Organização Mundial da Saúde coloca a década que nós estamos vivendo como “a década do envelhecimento saudável”, com o objetivo de estimular políticas públicas e alianças de desenvolvimento da América Latina para favorecer justamente o envelhecimento saudável.

 

A memória é realmente a principal preocupação com o avanço da idade?

A memória é o domínio mais temido, com o avançar da idade, mas claro que existem outras complicações neste cenário que a gente deve prevenir e se atentar. O risco, por exemplo, de quedas com fraturas em pacientes com osteoporose pode gerar complicações graves e potencialmente evitáveis. Então, a memória é uma preocupação, e deve vir com o avanço da idade, principalmente pelo aumento da prevalência das síndromes demenciais. Mas outros contextos também são importantes, como o fortalecimento físico para prevenção de quedas, o ajuste do excesso de medicações, a atenção a déficits visuais e auditivo, o estimulo à vacinação entre outros, que são monitorados de forma rotineira pelo geriatra e têm um impacto muito positivo na prevenção e promoção da saúde.

 

Quais as principais doenças que podem surgir na terceira idade?

As principais doenças que podem surgir, na terceira idade, são aquelas doenças tempo-dependente, normalmente as degenerativas. Então, trazendo aqui para as doenças neurodegenerativas, podemos citar as síndromes demenciais, cuja principal representante é a demência de Alzheimer; e as síndromes motoras, como a doença de Parkinson. Mas existem outras condições, como síndrome de fragilidade do idoso, que é um conjunto de sinais e sintomas que fragiliza o indivíduo e deixa esse indivíduo mais propenso à complicações, como queda, infecções e menor tempo de vida com qualidade.

 

Com a prevenção à saúde, é possível viver bem na ‘melhor idade’?

Eu vejo que o principal caminho para viver bem na melhor idade é realmente a prevenção, mas é algo que deve ser trazido como um valor da nossa sociedade. Hoje, a gente ouve muitas coisas do tipo “é assim mesmo, ele já está idoso, ele já está frágil”. A gente precisa mudar esse mindset, como sociedade. Ações governamentais, de órgãos de relevância como OMS e OPAS são importantes para a gente mudar este cenário, em relação ao envelhecimento, e deixar de aceitar que envelhecer é igual a perder funcionalidade ou não ter qualidade de vida. Então, reforço a importância de termos políticas públicas alinhadas ao envelhecimento saudável em nossas cidades e regiões. Sempre pensar em desenvolvimento de ambientes amigáveis adaptados às pessoas idosas, que favoreçam o acesso, sem dificuldade no transporte público, parques, locais de lazer e shoppings. Precisamos alinhar muito bem o sistema de saúde, para que ele atenda às necessidades específicas dos idosos, e termos mais profissionais qualificados para lidar na prevenção, para termos envelhecimento com qualidade. Precisamos também desenvolver, cada vez, mais sistemas sustentáveis equitativos e de prestação de cuidados de longo prazo e melhorar a mensuração e monitoramento da pesquisa sobre o envelhecimento. São os pilares que a OPAS e a OMS colocam para “a década do envelhecimento saudável”, para que, com a prevenção da saúde, a gente consiga oferecer uma saúde de melhor qualidade aos nossos idosos.

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