Crime misterioso continua sem solução em Canaã dos Carajás
Roubo, prisão, sequestro, tortura e muito mistério em um crime que pelo jeito está longe de ser solucionado.
Para tentar desvendar o fato nossa equipe de reportagem procurou o dono da farmácia Santa Rosa, João Victor, local onde se deu a trama que terminou em tragédia.
Fomos recebidos depois de muita insistência pelo irmão de João Victor, Camerino Cirni de Aguiar, que nos relatou a primeira parte dos fatos.
Camerindo diz nao conhecer Ezequiel
Tudo aconteceu, segundo Camerino, ao tomar conhecimento de que o gerente da Farmácia Santa Rosa, Raimundo Leite de Souza, vinha há tempos desviando medicamentos. A operação era feita, segundo ele, quando o gerente recebia na rodoviária as caixas de medicamentos ou ainda na própria farmácia.
A distribuição do fruto do crime era repassado, ainda segundo o dono da farmácia, por outro comparsa de Raimundo que vendia os medicamentos. Além do roubo dos medicamentos Camerino deu conta de que o larápio desviava cartões de créditos de telefone celular e tirava dinheiro do caixa enquanto passava troco para os clientes.
O informante contou ao comerciante que com o crescimento do esquema Raimundo convidou uma funcionária da farmácia, Maria Josenice Melo, para participar do crime. De posse das informações e sabedor de que naquela tarde Raimundo havia tirado do caixa um valor em dinheiro e colocado no próprio bolso, Camerino conta que chamou a polícia que efetuou a prisão do envolvido na saída da farmácia na noite de domingo, 26.
Flagrado com a quantia em dinheiro no bolso Raimundo confessou à polícia o crime. Também foi presa na mesma ação a comparsa de Raimundo que por contribuir com informações recebeu o bônus da delação premiada, tendo a prisão relaxada.
Camerino não delatou o nome de seu informante e disse que se trata de alguém que vinha à farmácia e ajudou a montar o flagrante.
Na delegacia descobrimos tratar de David Andrade Barbosa que compareceu à delegacia e delatou Raimundo contando que o mesmo o pedia para que guardasse as caixas de medicamentos em sua casa sob a alegação de que o espaço físico da farmácia era pequeno e não cabia os produtos; depois eram retiradas por Ezequiel Rocha da Silva.
Os medicamentos, segundo David, eram de uso controlado e anabolizante, do tipo Ivotrio e Beca - bolina. Em seu depoimento à polícia David disse ter desconfiado do esquema e comunicado a Raimundo que não guardaria mais os medicamentos e foi tranquilizado pelo chefe do esquema dando a segurança de que não tinha nenhum risco já que o dono da farmácia não entendia nada do negócio.
David delatou que Raimundo vendia também cartões telefônicos e chips de várias operadoras de telefonia celular muito abaixo do preço de mercado. Nos relatos à polícia David dá conta de que ele resolveu entregar o esquema e ainda denunciou ter mais um envolvido de prenome Hugo que era mantido por Raimundo.
A direção da farmácia Santa Rosa mensura que o prejuízo passa dos R$ 40 mil
Sequestro e espancamento um capítulo à parte do esquema
Enquanto Raimundo e Maria Josenice iam para a cadeia outro crime acontecia fora dali.
Trata-se de Ezequiel Rocha da Silva que contou na Delegacia de Polícia Civil de Canaã dos Carajás que na noite em que ocorreram as prisões, 26, domingo, foi interceptado em frente a escola Tancredo Neves pelo dono da farmácia Santa Rosa, João Victor e o irmão do proprietário, que estavam em um carro IDEA de cor prata.
Segundo relatos de Ezequiel à polícia a dupla o convidou para ajudar a fazer uma mudança por cujo serviço o pagaria R$ 20. Convite aceito o veículo se dirigiu para uma residência onde entrou mais um passageiro desconhecido por Ezequiel.
Agora já com quatro passageiros o rumo tomado foi a zona rural passando pela Rua dos Pioneiros sentido Motel Sossego. Segundo o declarante em dado momento o irmão de João Victor sacou um revolver tipo calibre 38 e disse em português usual: “Agora você vai ver cabinha.”
Ainda nos relatos de Ezequiel enquanto João Victor perguntava por uma mercadoria de R$ 1,5 mil o passageiro que estava ao seu lado lhe dava socos. O veículo trafegou em alta velocidade por cerca de 10 minutos em estrada de terra e durante todo o tempo, segundo Ezequiel, João Victor o acusava de envolvimento no esquema com Raimundo e diante da negativa do sequestrado o acusador disse que não adiantava negar pois tudo havia sido afirmado por David.
Chegando ao destino os agressores tiraram Ezequiel do veículo e amarraram suas mãos, momento em que ele lembra ter sido ferido duas vezes a pauladas por João Victor que tentava obrigá-lo a fazer confissão que seria gravada em um aparelho de telefone celular incriminando o indivíduo de prenome Hugo.
Confissão não conseguida Ezequiel foi amarrado em uma árvore e enquanto o terceiro integrante vigiava a vítima, João Victor e seu irmão voltaram à cidade para comprar gasolina para atear fogo no sequestrado. Porém aconteceu o inesperado, Ezequiel fugiu e passou toda a noite no mato fugindo dos agressores. Ezequiel diz ter sido cassado por toda a noite estando os irmãos no carro e o terceiro comparsa em uma motocicleta.
Ezequiel se refugiou na casa de um colono que havia tomado conhecimento de seu desaparecimento pela TV e chamou a família que o resgatou.
A mãe do torturado, dona Enedina, afirmou que o filho disse com palavras claras que os autores da brutalidade foram o dono da farmácia Santa Rosa, o irmão e um terceiro comparsa.
“Meu filho chegou em casa com bicheiras nos ferimentos feitos na cabeça com coronha de arma de fogo”, disse a mãe de Ezequiel.
A mãe de Ezequiel diz acreditar na versão do filho
Comerciante nega as acusações e diz não conhecer Ezequiel
“Não sei nem de quem se trata, não conheço este rapaz e apenas ouvi a história na boca do povo”. Palavras de Camerino Cirni de Aguiar quando interrogado por nossa equipe de reportagem sobre a acusação feita por Ezequiel contra ele na polícia.
Camerino disse que se tivesse que fazer alguma coisa seria contra o mentor do esquema, Raimundo Leite de Souza, seu ex-gerente. “Não conheço os terceiros envolvidos. Não fiz nada com minhas mãos contra Raimundo e por que faria com outras pessoas?”, indaga Camerino.
Por telefone o advogado de João Victor, Marco Tavares, disse que até o momento seu cliente não havia sido formalmente acusado no caso de Ezequiel. E caso as acusações não sejam provadas o acusador terá que corrigir civil e criminalmente os danos causados ao seu cliente.
O delegado responsável pelo inquérito, José Euclides Aquino da Silva, disse estar investigando o caso, porém mesmo com a acusação feita por Ezequiel contra João Victor e os dois que, segundo a “vítima”, participaram do sequestro e tortura não tomou nenhuma providencia e nem mesmo, segundo o advogado Marco Tavares, intimou os acusados.
Confira a denúncia de Ezequiel
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