20 de nov. de 2012

Que liberdade é esta?



<Por Francesco Costa>

Que liberdade é esta? Forjada por lutas intermináveis de pretos que ficaram brancos de tanto se expor ao sol do preconceito ou por brancos que ficaram pretos de tanto brigarem às escuras nas noites sangrentas contra patrões que continuam a se sentirem senhores de gente que ele, acha que, comprou com o esforço que fez para ludibriar a sorte ou os concorrentes como reza a carta magna do capitalismo; ou com as privações ou dias ininterruptos de trabalhos forçados que viveram para o que tem, hoje, juntar.
Tem gente que pensa que é senhor, porque tem mais que o normal em um país cuja população se divide entre ricos e miseráveis.
Tem gente que pensa que é livre em um país que lhe deu o simples direito de comprar, inclusive, a crediário, mas o que ele esquece é que não tem liberdade de, nem se quer, saber o valor da taxa de juros que vai pagar e se ficar lendo o contrato antes de assinar é taxado como “cliente que exige demais é mau pagador”, ou não faz nem a idéia do juro de mora que pagará em caso de atraso. O Procon aparece dando uma de “José do Patrocínio” (advogado negro que lutou pelo fim da escravatura), mas muitos nem sabem para que serve este órgão e alguns temem recorrer e perder os futuros créditos em outras lojas.
Tem gente que pensa que é livre pelo simples fato de poder escolher a profissão que exercerá, mas não sabe a importância que tem tal função e se esquece que poderá por isto ser valorizado, mesmo assim dá graças a Deus por arrumar um emprego cujo contrato é feito nos moldes da empresa empregadora.
Os escravos, negros africanos, recebiam em troca de seus trabalhos forçados apenas o básico para sobreviver: comida e roupa. E o salário que recebe a maioria absoluta dos trabalhadores no Brasil, inclusive eu, responda aí oh trabalhador, dá pra mais alguma coisa, além disto?
Então me corrija caso eu esteja errado: A escravidão neste país, com tamanho de continente, mudou apenas de modelo!  
Agora me aplauda os que comigo concordarem: Um cidadão que trabalha oito horas por dia, independente da função que exerça, não deveria enfrentar as humilhantes filas de órgãos como SUS e INSS. Não deveria ele receber o suficiente para pagar a consulta médica de seus filhos ou qualquer outra assistência vital que sua família necessite? Pra que um cidadão que dedicou a vida inteira ao trabalho precisa mendigar aposentadoria? Não seria mais justo que ele recebesse o suficiente para fazer sua própria garantia de sobrevivência em tempos em que se considerar inapto para o trabalho?
Fala-se erradamente que o dinheiro move o mundo, mas na verdade o que move o mundo não é outra coisa se não a força do trabalhador. Mas como diz o velho dito popular: “O cavalo não sabe a força que tem, pois se soubesse não puxaria a, pesada e incômoda, carroça”. Talvez seja esta mesma inocência, ou ignorância, que cega o forte fraco trabalhador, que se deixa iludir desde as “boas” intenções da princesa Izabel à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) de Getúlio Vargas, ou aos movimentos grevistas de Lula e outros sindicalistas.
Todos os dias “investidores” são vistos exibindo grandes lucros, enquanto a força motriz que realmente move o mundo, o trabalhador, vive às margens da miséria.
Mas falando em escravidão vamos lembrar dos negros, principal personagem da peça teatral, que foi alvo de escárnio e, ainda hoje, se auto discrimina declarando-se incapaz ao exigir cota pra isto e aquilo, ou processando os brancos por qualquer expressão dita, escrita ou encenada. Não seria melhor aplicar a famosa frase de Buda: “Ignorar o ignorante é uma forma de fazê-lo pensar?”.
Muito se fala em racismo e preconceito nas constantes e, parece que, intermináveis lutas das raças, mas é bom lembrar que é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito.        

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