22 de jun. de 2011

MST continua a ocupação do INCRA

Reforma Agrária nas gavetas da burocracia
Movimentos voltados para a reforma agrária ocupam sede do INCRA
 A porta de entrada está rodeada de barracos
 Os corredores estao ocupados por redes
     Desde o dia 18 de maio, cerca de 1300 famílias integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) e da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), ocuparam a sede do INCRA (Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Marabá.
     As famílias são de assentamentos em fazendas de municípios das regiões sul e sudeste do Estado entre elas, Maria Bonita (Eldorado dos carajás), São Luís (Canaã dos carajás), Nega Madalena (Tucumã), Piratininga(Tucuruí) ,Cedro (Marabá) e Rio Vermelho (Sapucaia).
     Segundo dados do MST a concentração de membros dos movimentos no local já ultrapassa o número de 10 mil pessoas. No dia em que nossa equipe de reportagem visitou o local, dia 21 de junho, terça-feira, completavam 43 dias da ocupação.
     O clima ficou tenso quando cerca de 1,5 mil pessoas, ligadas ao movimento, decidiram bloquear, na terça-feira, 14 de junho, o trecho da rodovia Transamazônica que corta a cidade. A ação foi motivada pelo atropelamento de uma mulher integrante do MST, ocorrido nas proximidades do local do acampamento um dia antes do protesto. O envio da tropa de choque foi motivado para evitar possíveis confrontos entre os manifestantes e a população. Pela tarde daquele dia a estrada foi liberada e a situação voltou ao normal.
     Um dos membros da Coordenação Nacional do MST,Tito Moura, explicou que o principal motivo da ocupação foi o fato de que os movimentos sociais,- MST, Fetagri e Fetraf-, nos últimos oito anos não obteve conquistas no que diz respeito a desapropriações de terras; tanto na pauta mais fundiária quanto na pauta estrutural dos assentamentos que já existem.
     “Cada movimento vinha fazendo suas lutas isoladamente em respectivos municípios e região. Agora conseguimos dentro de um entendimento entre os três movimentos fazer uma luta unificada e nesta uma das pautas principais é a questão fundiária”, explica Tito, detalhando que o objetivo desta luta é fazer vistorias de fazendas e o assentamento destas família onde já estão.   
     A permanência dos movimentos sociais desenvolveu, durante os dias que estão no local, várias lutas como, por exemplo, caminhadas, reuniões das coordenações, formação para os acampados e assentados. “Enquanto isto ficamos esperando uma resposta positiva tanto do INCRA quanto do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) na nossa pauta.  
Panos quentes
     Na tentativa de amenizar o problema, o Palácio do Planalto interveio e agendou uma reunião, em Brasília, entre representantes do MST, Fetagri e da Fetraf, segunda-feira, 20 de junho, com o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e representantes do Ministério de Minas e Energia e do Desenvolvimento Agrário; não satisfeitos, líderes dos movimentos foram a Brasília onde procuraram o Ministro do Desenvolvimento Agrário.
     A comitiva, composta por 19 membros dos três movimentos envolvidos, foram ao Planalto buscar solução para o impasse. Um deles, Tito Moura, explicou à reportagem que além da principal pauta, desocupação e assentamento, os líderes reivindicaram o aumento do recurso para estrutura nos assentamentos e acampamentos. A verba, que era de R$ 8 milhões, foi renegociada passando agora para R$ 40 milhões. Valor que será gerido pelo INCRA e acompanhado pelos movimentos sociais voltados para os problemas agrários. A verba será destinada a financiamentos, construção de estradas, pontes, escolas etc. dentro dos assentamentos e acampamentos.
     “De alguma forma os movimentos conseguiram ter alguma conquista, claro que não é ainda a esperada. Continuaremos na luta para galgarmos nossos anseios”, planeja Tito, dando conta de que no dia seguinte a esta entrevista, terça-feira, 21, uma equipe técnica do INCRA de Brasília chegaria a Marabá para as discussões dos demais assuntos quando, ainda segundo o coordenador será discutido caso a caso as desapropriações.
     Ele citou as fazendas Rio Vermelho, do Grupo Quagliato; São Luiz, que já abriga o acampamento Dina Teixeira, na PA 160; e a Marambaia, na PA 275, onde de frente a esta foi instalado o acampamento Frei Henry des Roziers. Áreas que, segundo o coordenador regional do MST, Ulisses Manaças, são da união, destinadas a reforma agrária.
     “A reforma agrária no Brasil está parada nas gavetas da burocracia e só os movimentos podem alterar esta co relação de força e apelar para que o governo coloque de novo na pauta esta assunto tão importante. Não vamos dar trégua seremos vigilantes e acompanharemos passo a passo o andar das discussões”, garante Tito, admitindo que nem o governo Lula nem o atual, Dilma, tem dado a atenção devida ao assunto agrário.
     Até o fechamento desta reportagem não se sabia ainda a posição dos líderes dos movimentos quanto a desocupação ou permanência da sede do INCRA em Marabá.
Insalubridade e descaso
A cara de um Brasil no qual vivemos
 Tudo no local é improvisado
     O local ocupado foi visitado pela nossa equipe de reportagem e observado cada detalhe da situação dos que ali está há vários dias. O sistema de abastecimento doe água, como tudo mais que há ali, é precário; a comida é feita nas chamadas trempes, improvisadas no chão; os apenas dois banheiros que fica no corredor do prédio do INCRA não é suficiente para a higiene e necessidades fisiológicas do grande número de acampados o que os obriga a construir banheiros de lona preta e expor parte do corpo na hora do banho; a água resultante dos banhos e serviços domésticos escorrem a céu aberto; o lixo é acumulado em contêiner o que atrai mosquitos  e outros insetos trazendo como resultado doenças que vem sendo percebida principalmente nas crianças.
 O esgoto escorre a céu aberto
     A parte interna do prédio do INCRA também foi ocupada e no local se pode observar um amontoado de redes e colchões por todos os corredores. O auditório é usado para as reuniões dos líderes dos três movimentos que comandam a ocupação e reivindicações. (Francesco Costa especial para a InRevista)






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