19 de nov. de 2011

Dia Nacional da consciência Negra




Gostaria de sinceramente poder fazer mais. Mas já que sou apenas um formador de opinião através da escrita tento, assim como a água na rocha, ir moldando a cabeça dura deste meu povo brasileiro, deixo este artigo dedicado àqueles que fizeram os alicerces deste país.
A vocês,: negros e descendentes minhas mais sinceras homenagens.

Fogo, marreta e água
(Por Francesco Costa)

Cultura que veio nos navios, não na classe executiva e sim nos frios porões, embalada pelas frias cadeias, pelos chicotes e troncos. Cultura que fluía na solidão das senzalas, no som das moendas do engenho que esmagava a doce cana ou nas amargas labutas do forçado trabalho.
Talvez por isto a música animada pelos tambores e tamborins, os enredos que abordavam temas todos voltados pra tão sonhada liberdade; sofrimento forjado transformado em música e em dança, como o aço transformado a fogo, marreta e água dando forma a peças, ou úteis utensílios e ferramentas.
Assim o negro africano, nos deu de presente o samba, que o carnaval pariu, e de lá para cá os motivos porque o povo vai às ruas nos dias oficiais, desta que é uma das mais belas festas populares do mundo, não mudou tanto assim; nosso povo saiu da senzala, mas continua morando em condições indignas, enquanto que alguns “senhores” -não mais de engenhos- moram nas casas grandes; a escravidão, segundo a história ou a lenda talvez, teve fim no fim do século 18, há mais de 100 anos, porém o que ainda se vê em nosso rico país são pessoas vivendo oprimidas, com a ilusão do direito, sem poder pagar por ele, e da igualdade sem conseguir nem mesmo em sonho ser um arremedo dos que tudo podem.
Nosso povo canta e dança, sorri e toma cachaça, mas porque? se a qualquer um que se pergunte dirá que não vive como sonhou, ou apenas sonha em pelo menos em viver! Nosso povo ainda canta para disfarçar a tristeza, dança para acalantar a dor, conta histórias pra rir um pouco e cria enredo pra protestar. Na alegoria disfarça a pobreza, e fantasiado se sente rei, na aquarela da avenida imagina um caminho de ouro.
Ainda bem que este povo é de aço, aço temperado pelo fogo das lutas, pela marreta das frustrações moldados e pelas águas das falsas promessas políticas enganados.
Ainda bem que aqui é “Brasil o país do carnaval”.   

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